quinta-feira, 24 de março de 2011

Relato II (Orange&Partridge)

"Caminhávamos eu e alguns amigos, subindo lentamente o Rio Silveira, partindo do ponto de pesca mais próximo a Pousada Potreirinhos, isso já do meio da tarde para diante.
E ia eu falando sobre a vida, meus problemas daquela época, quando chegamos a um “passo”, que normalmente devido à altura do rio, é um lugar inviável de se pescar, e que naquele dia, oferecia um cenário e condições maravilhosas de se tentar ali uma truta. Juncais em ambos os lados do rio, logo depois de uma curva, e águas com uma boa profundidade, junto a uma sedutora calmaria.
Convidei então o amigo para alguns pinchos, o que ele recusou, já um pouco cansado da caminhada. Preferiu ficar sentado em uma pedra a me observar. Alguns outros se adiantaram mais à frente, buscando outro ponto de pesca.
Tirei então minha mosca do porta-anzol da vara #6 que estava usando. Era uma Orange & Partridge, que no começo da caminhada, quando a uni ao meu tippet, foi duramente criticada por um outro amigo, por ser muito pequena e com hackle muito esparso, com cerca de uma volta apenas de partridge. 


Bem, puxei um pouco de linha para fora, com um roll cast a estiquei um pouco adiante, puxei um tanto mais de linha, fiz uns dois false casts esticando-a no ar, e depositei a mosca suavemente junto aos juncos da margem esquerda, já um tanto mais a minha frente. Depois de esperar alguns segundos para que a delgada mosca afundasse um pouco, comecei a recolher lentamente. No segundo gesto de recolhimento, uma truta grande me surpreende e toma decididamente a mosca. Gesto reflexo eu levanto a ponta da vara e a fisgo. Lutando muito embaixo dágua, logo salta algumas vezes. Nisso meu amigo já está de pé vibrando ao meu lado e o que tinha se adiantado com o resto do grupo e criticado minha mosca, já voltava correndo e assistiu eu estender o braço e recolher a grande truta arco-íris macho em meu net. 


Sorte maior, ele estava com a máquina fotográfica e fez várias fotos minhas com a truta e, principalmente, soltendo-a! 


Ato contínuo, me perguntou da mosca usada... E eu lhe mostrei a pequenina Orange & Partridge do começo da caminhada e ele quase se jogou na água.
Bom, já era fim de tarde e eu estava plena e absolutamente “pescado”."

Saudações mosqueiras e linhas sempre tensas!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Margens de Erro e Aplicação das Técnicas

Primeiro, gostaria de avisar que a grande maioria das coisas que escrevo sobre pesca com mosca não são coisas que inventei ou descobri. São informações colhidas sobre esse assunto, que é minha paixão, o flyfishing, de muitas origens e algumas muito antigas. Algumas sim são considerações pessoais e particulares que divido para que talvez possam servir de ajuda a outro pescador, ou não. Durante 15 anos colhi textos, livros, vídeos, relatos, técnicas, especificações, estudos com alguma coisa a ver com a pesca com mosca.


Então sempre foi buscado escrever, por muita gente, o ideal para uma pescaria de sucesso. Mas isso não garante absolutamente nada. Há relatos de muitos pescadores, alguns de fama mundial, sobre lições dadas por pescadores muito humildes e de recursos realmente escassos a pescadores trajados e equipados de grandes marcas e grifes, com 3 varas montadas e 30 caixas com centenas de moscas. Mel Kriger cita um caso desses no seu DVD de 40 anos de Patagônia.


A sorte ajuda? Ajuda muito. E a sensibilidade? Tanto quanto. Tem dia que faremos absolutamente tudo certo e nenhuma captura. E tem dia que improvisaremos tudo e voltaremos com a foto do nosso troféu, recorde de nossa vida. Mas a verdade é que as probabilidades aumentam muito se aplicarmos e aliarmos nossa técnica e conhecimento a nossa sorte e sensibilidade. E sempre um dia no rio será um dia maravilhoso, independente de tudo.
Saudações mosqueiras e linhas sempre tensas!