terça-feira, 5 de agosto de 2014

Lastro (peso) em Moscas


Todos os detalhes de componentes da montagem de uma mosca têm sua razão de ser e aceita poucas improvisações.
Os materiais escolhidos assim o são não apenas por estética, mas também e principalmente por características de comportamento que, obviamente serão repassados a mosca.
Mas não é só isso. Também a sua distribuição ao longo do corpo da mosca influencia e determina sua ação e comportamento.
Aqui falaremos nesta oportunidade de peso (lastro) em moscas e a ação/comportamento por ele determinado.
Normalmente e erroneamente muitos “atadores” apenas aplicam peso de um tipo em substituição a outro diferente, sem critério algum. Exemplo: enrolam um fio de lastro por toda a extensão do corpo da mosca em lugar de uma cabeça pesada (bead head, halteres, chains eyes, etc.). Isso apenas atribui à mosca um peso, mas modifica completamente a ação que o peso original conferiria a isca.

Claro que estas ações serão atenuadas ou potencializadas pelo peso específico maior ou menor, tamanho de anzol, materiais outros usados na confecção da mosca, ritmo e velocidade de recolhimento, movimento de ponta de vara e força da correnteza (e até a ausência desta, nos cursos de água parada, lagos, açudes e remansos). Isto por muitas vezes irá determinar o ataque ou não do peixe, conseqüentemente a efetividade da mosca.

Outras influências e conseqüências do lastro são a compatibilidade com a categoria (número) e ação (dureza) das varas.

Também há a combinação de moscas lastreadas ou sem lastro, tipos de linha (floating, intermediate, sinking tip e full sinking) e líderes (comprimento e afunilamento).

Cada combinação escolhida trará comportamentos diferentes aos conjuntos, potencializando-os, atenuando-os ou até anulando-os. Só para exemplificar: se usamos uma linha floating, num local fundo, com líder curto, mesmo com mosca bem lastreada, esta não chegará ao fundo. Já numa água mais rasa a isca tocará no fundo, mas com o recolhimento e toques de ponta de vara a isca subirá a cada movimento, num desenho tipo gráfico e não virá trabalhando sempre no fundo.
Outro uso de lastro é diretamente no líder, com chumbo esfera fendido. Neste caso a mosca sem lastro tenderá a se mover acima do chumbo, que arrasta no fundo. São os ditos rigs tão conhecidos na pesca com soft baits.

Enfim, há tantas configurações e combinações quanto há circunstâncias específicas de uso. Pode o pescador menos experiente achar que tão pequenos detalhes não são importantes, mas o pescador experiente sabe que um mínimo detalhe faz com que a truta rejeite o engodo. Tudo é circunstancial.

Alguns cuidados devem sempre ser observados. Um cone head grande, impulsionado pela ação da vara, torna-se um projétil. Caso haja um choque contra a haste da vara causará um dano sério, se não de imediato, a vir com o tempo. Sim, uma provável fratura e a conseqüente quebra da vara, num novo esforço. E é lógico, o risco contra a integridade física do pescador. O uso de óculos, lenço e cobertura não é nenhum exagero.
Também devemos considerar o arrasto na água quando no momento do pick up. Faça-o com moderação, maior ainda se com o uso de uma linha sinking tip ou full sinking, que por si só já ensejam cuidados.

Façam suas escolhas dependendo da profundidade, altura de ação dos peixes na coluna de água, comprimento e afunilamento de líder, tipo de linha e tipo de lastro em suas moscas. Sempre com critério e bom senso. O tempo e a experiência vão lhe mostrar quais os mais adequados para cada lugar e circunstância.

Saudações mosqueiras e linhas sempre tensas!


sábado, 2 de agosto de 2014

Aprendendo Com os Robalinhos



Com poucas informações sobre a pesca local, Balneário Camboriú, fui olhar o local e as ações dos peixes. O que me passaram é de que no local se pescava muito espada, à noite. Passeando no pesqueiro realmente pude ver o pessoal pescando com isca natural e bóia luminosa. Fotos e relados na internet davam conta da incidência de espadas muito grandes pegos lá. Lógico que no fly, descobrir as moscas certas, a época correta, enfim, descobrir como se pesca com fly no local, euteria que estudar um tanto ainda. Mas fiquei e feliz observando os ataques de peixes maiores as manjubinhas que surgiam em pequeninos cardumes, eventualmente.
No outro dia montei meu material #6, líder com shock tippet de cabo de aço (espadas tem dentes agudos e poderosos) e streamer, e fui à luta. Posicionei-me nas pedras, a favor do vento para ajudar, e arremessei. Após alguns arremessos faço minha primeira captura. Surpresa total! Um robalinho que não se intimidou com a mosca grandinha para seu tamanho e nem com cabo de aço, surgiu como um raio e abocanhou a mosca. Um amigo (que não pesca e duvidava que de cara eu pegasse algo) fotografou surpreso o pequenino trick.




Feliz, mas sabendo que o equipo estava montado errado para esse peixe e circunstância, voltei pra casa pensando nas pescarias seguintes. Mesmo assim Deus ajudou e fiz minha primeira captura de robalo no fly e a noite. Dois fatos inéditos para mim. Mas muitas capturas e descobertas ainda viriam nesta ótima estadia em Santa Catarina!
Abraços mosqueiros e linhas sempre tensas!!!

domingo, 22 de julho de 2012

Belas...



A bonita loira, carioca, foi acordada às 06h30min da manhã realmente fria dos Ausentes. Persuadida a se enfiar num macacão de neoprene impermeável, se viu um pouco mais tarde com a água do Silveira acima dos joelhos, ainda quase dormindo. Embora a paisagem alucinante, o ar puro e a água límpida já fossem argumentos suficientes, ela não se conteve e indagou:
- O que é que eu estou fazendo aqui?
Se os encantos naturais não bastaram, qualquer simples argumento também não bastaria. Só lhe respondi:
-Tu já vais entender...
Mosca no tippet, linha no ar, já estou pescando. Difícil estimar quanto tempo se passou entre esse breve diálogo e a captura, mas logo em seguida a carretilha denunciava a “doce batalha”, aos gritos. Travo uma luta dura, justa e limpa com uma linda truta arco-íris que logo se mostra de corpo inteiro no ar... Os olhos da moça brilhavam.
Pacientemente trago o peixe para perto de nós e começo a orientá-la:
-Molhe as mãos... Vou trazê-la até ti e tu gentilmente a pega... Calma...


Ela hesita, chega a tremer... A truta é linda, bem grande e forte. A enorme truta fêmea nas mãos da bela moça... Ela contempla a beleza pulsante, viva, da maior arco-íris do Silveira que já capturei. Sua mão direita atrás das nadadeiras peitorais, e sua mão esquerda próxima às nadadeiras anais. E entre elas um bom espaço, sobrando cabeça à frente e boa parte da cauda atrás.



Eu nem ponho as mãos nela, retiro a mosca e oriento a soltura:
-Agora, a melhor parte: a reponha na água e a movimente para frente e para trás... Quando estiver pronta ela lhe dará o sinal: um movimento de cauda mais forte... Agora... pode soltar...
E lá se foi a bela para o fundo do rio, deixando a outra bela feliz, realizada e... Agora entendendo tudo!
Um dos maiores prazeres que o fly já me deu, poder proporcionar emoções dessas para outras pessoas.
Cátia, um grande beijo!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Segurança no Vadeio II


Deslocando-se...

Começando a falar do deslocamento propriamente dito, falarei primeiro do caminho da origem até a margem do rio. Prefira sempre as trilhas demarcadas. Evite saltar cercas e arames farpados, caminhe até a cancela. Basta um furo no macacão e a pescaria já não será a mesma.
Cancela passada, cancela fechada. Normalmente há animais nas propriedades e as cercas limitam sua circulação. Falando em animais, evite chegar muito perto deles, mesmo dos domésticos, pelo caminho. Nada de acariciar vaquinhas, cavalinhos, etc. restrinja-se a fotos, numa distância segura. Normalmente uma vaca não é perigosa, mas basta se interpor entre uma vaca e seu bezerro e a coisa pode esquentar. Cães desconhecidos devem também ser evitados. Cobras e outros animais selvagens normalmente evitam enfrentamento com o ser humano. Faça a volta, ou simplesmente o deixe passar. Caminhe atento ao caminho, siga na trilha mais limpa, evitando assim pisar acidentalmente em uma serpente, o que assim causaria um ataque da mesma.
Evite andar com a vara de pesca montada, se está montada, leve-a com a ponta virada para trás. Em caso de queda, dificultaria a possível quebra. Nem tão pouco com uma mosca alojada no hook keeper (porta-mosca). Não queremos ter uma mosca acidentalmente cravada em nossa mão. Se for necessário passar entre algumas árvores, desmonte a vara. Ponteiras enredadas em galhos já foram perdidas e sequer notadas. Também assim se evita o bater em algum galho que possam ter abelhas ou vespas. Evite também esbarrar com o corpo em árvores ou galhos, muitas têm espinhos e animais como taturanas, vespas e abelhas em seus troncos. Cuidado também com buracos e tocas de animais, ocultos na pastagem. Podem causar torções e quebras de pés, tornozelos e joelhos. Até aí o bastão de vadeo ajuda.




Na margem do rio...

Avalie bem e calmamente todas as condições de pesca e deslocamento. Veja onde se pode entrar e outras opções caso necessárias para sair. Observe a margem oposta, sua acessibilidade. Os obstáculos, a mata, as pedras.
Procure sempre o ponto ideal para entrar no rio. Mesmo que seja mais distante, prefira-o se for o mais seguro. Desloque-se com calma, lentamente, pé após pé. Acomode o pé da frente, estabilize-o totalmente. Sonde locais mais profundos ou que não se veja bem o fundo, usando o bastão de vadeio. Comece a transferir o peso, o centro de gravidade lentamente. Leve o outro pé à frente, sem tirá-lo da água e sem chutar água, e recomece o processo. Não corra. Não salte. Embora pareça que uma pedra lisa e reta seja a melhor posição para se colocar o pé, muitas vezes é melhor optar pelo espaço entre duas ou mais pedras. Pedras maiores e retas têm limo na parte de cima e podem ser irregulares embaixo, sendo instáveis. Chegando ao ponto desejado, estabilize bem ambos os pés, desarme o bastão ou ponha-o de lado e passe a pescar.
Pedras muito grandes devem ser contornadas e usadas como barreira tática de camuflagem e apoio, ao invés de ser escalada. Escalada, ela logicamente deverá ser descida depois de se pescar, e este é um risco desnecessário, além de que se estamos muito acima da linha dágua, aumentamos a possibilidade do peixe nos ver, vindo enfim até a nos prejudicar na sua captura.
Devemos nos manter atentos, em toda temporada o leito do rio se modifica, sendo por tempestades, enxurradas, pedras e árvores deslocadas, etc. Mesmo que conheçamos bem o rio, a observação e cuidado são necessários. Meça bem as profundidades usando o bastão, antes de dar um passo em falso. Muitos leitos de rios de águas límpidas são escuros e prejudicam a visão perfeita das pedras no fundo.
Joe Brooks, no seu livro “Fishing Trout”, nos demonstra o uso da vara de pesca como objeto de recurso para equilíbrio, assim como uma sombrinha ou vara comprida do malabarista na corda bamba. Inclusive expondo o blank da vara a ação da corrente, obtendo um empuxo que pode ser usado para recuperarmos o equilíbrio. Aliás, equilíbrio é tudo, no deslocamento dentro da água.
Outra atitude que nos ajuda a vencer a força das correntes mantendo o equilíbrio é nos colocarmos lateralmente a corrente. Assim oferecemos menor superfície para a ação da água e consequentemente menor ação de sua força.
Se a melhor opção de posição de pesca não é possível, mesmo depois de estudadas várias rotas de acesso, faça seu arremesso superar essa dificuldade, mas não se arrisque numa rota perigosa. Um pé torcido acabará com sua estadia de pesca e possivelmente alguns dias de trabalho. Realmente não vale a pena. A ansiedade e expectativa de uma possível captura normalmente são a causa de uma decisão errada e por fim um acidente.

Reagindo ao acidente...

Talvez o melhor conselho seja: Não entre em pânico. Normalmente em acidentes fatais aquáticos, o pânico é que mata. Certo, tudo bem, mas como não entrar em pânico? Simplesmente tendo já de antemão pensado e estudado o que fazer no caso de acidente. Aqui seguem algumas dicas:
Depois de perder o equilíbrio, evite tentar por muito tempo retomar o equilíbrio. Pode vir a se machucar mais, perder uma energia que será necessária mais adiante. Dê as costas a corrente, mantendo o tronco, os braços, cabeça e os pés fora da água, navegando no seu curso natural, até um acesso a uma pedra, tronco, margem ou local mais raso, retomando a caminhada natural. Naturalmente quando descemos um nível de corredeira, afundamos. Aproveite este momento anterior ao desnível para tomar fôlego e assim proceda tanto quantos forem os desníveis. Logicamente não se deve pescar muito próximo a cachoeiras e quedas de água de grandes volumes, onde uma queda seria fatal.
Depois de se conseguir retomar o equilíbrio e estando já num lugar raso, deve-se imediatamente sair da água e procurar proceder à troca da roupa molhada imediatamente. Lugares frios, vento forte e roupa molhada levam a queda rapidamente da temperatura corporal, levando a hipotermia. Não subestime o poder do frio nem superestime sua capacidade de agüentá-lo. O retorno à pousada ou acampamento poderá lhe fazer perder um turno de pesca, mais lhe renderá um próximo de pesca plena e com saúde.
Se durante a queda ou trajeto dentro da água lhe trouxe uma incapacidade de sair do rio sozinho, não demore a pedir ajuda. Pode acontecer de haver uma torção ou mesmo fratura de membros inferiores. Peça ajuda imediatamente. Já houve casos do pescador demorar e acabar em processo de hipotermia, sentado molhado sobre uma pedra, sem atinar a sair sozinho. Por sorte no final da tarde havia mais pescadores retornando pelo trajeto e o avistaram, o ajudando a retornar a pousada. Ele não estava apto a chamar, na verdade, nem atinava a gritar, nem mesmo tinha a iniciativa de sair do rio.
Não subestime a capacidade de um rio de montanha em encher rapidamente. Se notares que o nível da água subiu ou sua velocidade de corrente aumentou, aproxime-se da margem rapidamente. Rios de montanha podem encher mesmo sem estar chovendo muito forte no tramo pescado, isto devido à possibilidade de estar chovendo forte na cabeceira e afluentes.
Não siga pescando em caso de tempestade elétrica. Ao ouvir uma trovoada, desarme sua vara de pesca e saia do rio imediatamente. Não aguarde mais ou maiores sinais, pois o próximo raio poderá atingir sua vara de pesca e causar sua morte instantaneamente. Já com a vara desmontada, siga para um descampado, se agache, repouse sua vara ao chão e espere passar os raios pacientemente. Evite ficar embaixo de árvores ou sobre morros, cerros ou coxilhas. Somente uma casa ou automóvel são melhores lugares que manter-se baixo num descampado.


Enfim, não há nenhuma garantia de 100% de sucesso para uma pescaria. Nenhum guia sério faria uma afirmação que garantisse sucesso absoluto em uma pescaria, nem em termos de produtividade, nem em termos de acidentes, simplesmente por ser atividade praticada ao ar livre, em ambiente não controlável. Mas se pode sim prevenir a maioria das possibilidades de acidentes tendo uma conduta responsável, consciente e preventiva. Prudência e bom censo são os melhores aliados de uma pescaria de sucesso!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Segurança no Vadeio I


Segurança no Vadeio

Dificilmente paramos para pensar nos riscos que corremos ao nos deslocar-mos nas margens e diretamente sobre o leito do rio, principalmente.
Abordarei este tema em duas partes: prevenção e ação em caso de emergência.

Previnindo...

Há o básico de segurança na pesca com mosca: anzóis com farpas amassadas, uso de óculos, protetor solar para corpo e boca, chapéu ou qualquer outra cobertura, lenço para o pescoço, enfim, o que todos devem já conhecer.
Creio que tudo começa na checagem de nosso material de pesca, ainda em casa, antes de sairmos. Devemos verificar o estado de nosso wader, sola do wader shoes, condição da ponteira do wadding staff, as suas articulações, sua bainha, etc.
Alguns destes itens são já hoje facilmente encontrados no Brasil e muitos até já produzidos aqui. Comecemos pelo wader.
O wader é um macacão impermeável, que pode ser de neoprene, PVC, nylon, e alguns “respiráveis” que são de materiais mistos, em várias camadas e membranas. Tem a função de manter o pescador seco e quente durante sua permanência no rio. Embora utilizável, o único que não recomendo é o de PVC. Limitam muito o movimento do pescador, o que pode atrapalhar muito num caso de emergência. Também suas botas acopladas necessitariam de adaptação de um solado de feltro ou equivalente, por parte de um habilidoso sapateiro, o que nem sempre dispomos. De resto, qualquer um pode ser usado, dependendo do gosto e poder econômico do pescador. Há os sem e os com botas acopladas, essas com feltro e/ou pinos metálicos ou mesmo sem nenhum destes, com solado em apenas borracha. Os simples de nylon devem ser usados com uma meia de neoprene, para se proteger o nylon do atrito e consequentemente furo e também com roupas quentes por baixo deste, pois não é térmico.
Wader shoes (sapatos de vadeio) são preferencialmente botas de cano curto, com solados em feltro/feltro com pinos metálicos ou borracha/borracha com pinos. Para caminhar no leito do rio, recomendo os com feltro no mínimo, e com pinos se o pescador assim desejar, se ele se sentir a vontade. Estes calçados devem ser comprados em um número maior que o usuário, até mesmo dois números, pois devemos lembrar das meias do macacão de neoprene e mais a meia normal ainda por baixo. Devem se ajustar bem ao pé, sem folgas que possam causar bolhas e ferimentos. Também não podem ficar apertados demais para não causar problemas circulatórios. Normalmente são de couro hidrofugado, couro artificial, lonas resistentes, kevlar, borracha e combinações destes.
Polainas destacáveis são bem vindas, já que evitam a entrada de alguma areia ou mesmo pedras em nossas botas, evitando furos e machucados.
O wadding staff (bastão de vadeio) é um dos itens que são essenciais no caso de rios com águas correntes fortes e/ou de leito muito irregulares, e/ou de não conhecimento do pescador/guia e/ou se o pescador estiver sozinho. Mais que um terceiro ponto de apoio, ele servirá para a sondagem do leito do rio, da profundidade de onde pensamos pisar. Há rios com leito escuro que dificultam a visualização da profundidade. A refração da água também engana muito os olhos na hora de avaliarmos profundidades e distâncias. Existem bastões próprios para pesca, com cerca de 1,50 metros, que são articulados, parecidos com as bengalas usadas por deficientes visuais, o que ajuda no porte/transporte dos mesmos. Normalmente são feitos de alumínio. Outros bastões semelhantes, para caminhadas podem ser adaptados e usados para pesca, embora normalmente sejam mais bengalas que bastões, por serem mais curtos. Pode ser feito algum de madeira rígida, inteiriço, com uma ponteira de metal e corda para amarração. Até mesmo improvisados de bambu ou galho de árvore. Vai muito do gosto, poder aquisitivo e disponibilidade do pescador.
Há também coletes de pesca que possuem câmaras internas que podem ser infladas num gesto rapidamente em caso de emergência, por meio de um tubo de CO2 acoplado.
 Também recomendo a inclusão de mais alguns itens nesse kit de vadeio:
Uma lanterna é de muita utilidade, tanto na pesca em si em horas adiantadas e já escuras, como no auxilio no deslocamento do leito para a margem do rio e no caminho de retorno ao transporte, acampamento ou pousada. Existem umas lanternas já destinadas aos pescadores com moscas, que são articuladas e de fixar no colete. O mercado disponibiliza vários modelos, mas particularmente recomendo as que usam leds, de pequeno porte e luz intensa, se utilizando apenas de uma pilha pequena e algumas são inclusive a prova de água.
Um apito pequeno pode ser muito útil em caso de acidente e algum socorro se encontre muito distante para se chamar no grito. Até porque podem ocorrer ferimentos que impeçam o chamado vocal e um silvo de apito chega mais longe e denota uma situação de emergência.
Recomendo também se levar no colete ou jaqueta, um lençol térmico, daqueles laminados, que impedem a troca de calor com o meio. Ajudará muito a se evitar a hipotermia, servindo de agasalho na troca emergencial da roupa molhada.
Um canivete pequeno, mantido a mão e seguro pode ser de grande valia em uma emergência.
Um cinto para se usar externamente no macacão, em caso de queda, evitará em caso de queda, a entrada súbita de água no macacão e o efeito “bóia-louca”, aonde o ar vai para os pés, obrigando o tórax e cabeça ficar submerso e levando ao afogamento.

Preventivamente falando, também há atitudes e condições que devem ser avaliadas e levadas em conta antes mesmo de entrarmos na água. Qualquer enfermidade limitadora deve ser relatada ao companheiro de pesca ou guia, já que não é recomendado ao portador destas limitações pescar sozinho. Recomendo fortemente a contratação de um guia conhecedor do local e de procedimentos de emergências. Relatarei algumas situações de enfermidade ou situação limitadora:
Labirintite, seqüelas de avc, cardiopatias, problemas motores, seqüelas de acidentes, deficiências neurológicas, limitações de movimento, deficiências visuais, diabetes, etc. Algumas dessas patologias influenciam no equilíbrio, força física, tonturas, má percepção de distâncias, má visualização de pedras e obstáculos, orientação, etc. Se for necessário, programe a ingestão de medicamentos para o período que ficarão no rio, inclusive a ingestão de alimentos no caso de hipoglicemia e de água, evitando a desidratação. Quem está acompanhando deve estar ciente de todos os casos.
Não é recomendada a ingestão de bebidas alcoólicas antes ou durante a pescaria. E recomendo pausas nos turnos para a ingestão de comida e bebida não alcoólica, um café, uma água, um mate que além de hidratar e alimentar aproxima os amigos pescadores.
Se possível também recomendo relatar a direção tomada naquele turno de pesca na pousada ou acampamento, e a hora de possível retorno. Durante a pescaria também, junto a outros pescadores se deslocando, comente a direção e a intenção tomada. É bom alguém saber onde se pode começar a procurar, no caso de uma demora demasiada. Leve sempre em conta o tempo de ida e principalmente o de retorno para o ponto de partida. O dia vai, a escuridão vem e tudo pode ficar mais difícil sem luz.
Os serviços de guia podem facilitar muito a pescaria, em produtividade, segurança, conforto e satisfação. Normalmente possuem instrução em primeiros socorros, conhecem o local profundamente, os atalhos, os caminhos mais seguros, conhecem os proprietários das terras, etc.
Outra recomendação é de se ter certeza de estar autorizado pelo proprietário ou responsável, de preferência por escrito, a circular por toda ou todas as propriedades ao longo do tramo de rio pescado. Incidentes recentes levaram a morte por disparo de arma de fogo, efetuado por um “segurança” de uma propriedade, um jovem pescador argentino que pescava pela patagônia Argentina, supostamente invadindo propriedade particular durante o vadeio. (continua...)

terça-feira, 6 de março de 2012

Princípios Básicos De Atado


Dicas simples e básicas para se começar a atar ou para atar com mais qualidade

·        Sempre lave bem as mãos antes de iniciar o atado. Sobretudo ao atar moscas claras usando linhas claras.

·        Reserve o material de atado só para esse fim. Principalmente as ferramentas.

·        Organize o material em gavetas, caixas, etc. e por tipo. Ex.: Caixa de fios, gaveta de penas, caixa de pêlos, etc.

·        Organize seus anzóis por tipo e tamanho. Ex.: Tamanho 8, 10 e 12 para streamers. Tamanhos 8, 10 e 12 para ninfas. Etc.

·        Use a ponta do mordente da morsa para anzóis pequenos, o meio do mordente para anzóis médios, a base do mordente para anzóis grandes.

·        Use a ponta do fio da tesoura para materiais macios e finos, o meio para materiais mais rígidos e a base do fio para fios metálicos e materiais grossos. Para materiais muito duros e resistentes use ferramenta adequada: alicates, torques, etc.

·        Ate suas moscas por lote de tipo. Separe todos os materiais para sua montagem antes, deixe tudo à mão. Ate-as em todos os tamanhos e em quantidades necessárias. Algumas moscas são mais fáceis de atar se a fizermos produzindo parte por parte, tipo linha de produção. Ex.: Poppers. Esculpa todas as cabeças. Depois monte todas as cabeças nos anzóis. Pinte as cabeças. Faça as caudas.

·        Mantenha a bancada limpa e organizada.

·        Colas, tintas, lubrificantes, vernizes, sempre mantidos com tampa! Destapou, usou, tapou.

·        Muito cuidado com o uso de Super Bonder (cianocrilato) e outros produtos químicos que podem espirrar e atingir áreas sensíveis, principalmente os olhos! Trabalhamos sempre com os olhos muito perto da morsa. Acidente com Super Bonder e os olhos do atador já aconteceu com um amigo meu. Prefira tubos maiores desta cola (esqueça o de alumínio) e em plástico. Nunca force a saída de cola apertando fortemente o tubo. Desentupa o bico com uma agulha e aperte novamente moderadamente.

·        Se fores iniciante ou um atador um pouco desajeitado, procure esconder a ponta do anzol dentro do mordente da morsa.

·        Sempre amasse a farpa do anzol antes de começar o atado da mosca.

·        “Regule” a tensão da linha no bobbin abrindo ou fechando as pernas do mesmo, entortando-as. Cuidado para que durante a operação não forçar e acabar quebrando as soldas do bobbin. O ideal é que haja uma leve tensão na bobina de linha, mas o controle da saída de linha seja feito pela palma de sua mão durante o atado.

·        Evite choques e quedas do bobbin com partes de cerâmica. Elas trincam e fissuram e passam a cortar o fio.

·        Não passe nada pelo tubo do bobbin que não seja apenas o fio de atado. Para passar o fio corte sua ponta reta, ponha-a no começo do tubo e sugue com a boca pela ponta do bobbin.

·        Tenha uma boa iluminação em sua bancada de atado. De preferência luz fria e direcionável, superior e frontal, iluminando a morsa.

·        Mantenha os materiais de atado orgânicos (pêlos, peles, penas, etc.) com naftalina dentro de suas gavetas. Isso evita traças e outros insetos de os danificarem.

·        Mantenha seus materiais de atado longe da ação direta do sol. O sol muda cores, texturas e superfícies dos mesmos, tanto naturais como sintéticos.

·        Use materiais criados e recomendados especificamente para atado, pelo menos no começo. A experiência e o tempo lhe ensinarão quais e como alguns poderão ser substituídos por genéricos. Alguns não têm substitutos.

·        Procure adquirir ferramentas e materiais de atado da melhor qualidade possível. Uma morsa que não segura bem o anzol causa frustração e logo terás que comprar uma melhor. Gaste uma vez só.

·        Opte se possível por uma morsa giratória. Ela permite manter a simetria da mosca e facilita o trabalho.

·        Compre ou faça um secador giratório para moscas resinadas.

·        No começo, como não dominamos o espaço de nossa bancada, devemos evitar copos com líquidos sobre ela. É comum acontecerem acidentes e arruinar nosso trabalho de horas.

·        Não deixe anzóis ou moscas presas na morsa depois de encerrado o trabalho de atado.

·        Guarde uma lista de nomes e números de referência dos materiais para futuras reposições.

·        Alguns anzóis não suportam a pressão ao amassarmos sua farpa e quebram. Opte por limá-los ou lixá-los.

·        Anzóis caídos ao chão são muitas vezes difíceis de achar e se tornam um risco de acidente. Use um imã e passe por todo o local próximo da queda.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Pescaria de Lambaris com mosca no Guaíba

Esta é uma pescaria recorrente que faço, sempre que posso. Material #2, linha floating e ninfas. O pesqueiro é próximo a minha casa e oferece condições de pesca com quase todas as direções de vento:


Espécies que mais frequentam o local e que já foram capturadas:

Tambicú ou Branca:



Lambari do rabo vermelho:




Lambari do rabo amarelo:



Saudações mosqueiras e linhas sempre tensas!