Lastro (peso) em Moscas
Todos os detalhes de componentes da montagem de uma
mosca têm sua razão de ser e aceita poucas improvisações.
Os materiais escolhidos assim o são não apenas por
estética, mas também e principalmente por características de comportamento que,
obviamente serão repassados a mosca.
Mas não é só isso. Também a sua distribuição ao longo
do corpo da mosca influencia e determina sua ação e comportamento.
Aqui falaremos nesta oportunidade de peso (lastro) em
moscas e a ação/comportamento por ele determinado.
Normalmente e erroneamente muitos “atadores” apenas
aplicam peso de um tipo em substituição a outro diferente, sem critério algum. Exemplo:
enrolam um fio de lastro por toda a extensão do corpo da mosca em lugar de uma
cabeça pesada (bead head, halteres, chains eyes, etc.). Isso apenas atribui à
mosca um peso, mas modifica completamente a ação que o peso original conferiria
a isca.
Claro que estas ações serão atenuadas ou
potencializadas pelo peso específico maior ou menor, tamanho de anzol,
materiais outros usados na confecção da mosca, ritmo e velocidade de
recolhimento, movimento de ponta de vara e força da correnteza (e até a
ausência desta, nos cursos de água parada, lagos, açudes e remansos). Isto por
muitas vezes irá determinar o ataque ou não do peixe, conseqüentemente a
efetividade da mosca.
Outras influências e conseqüências do lastro são a
compatibilidade com a categoria (número) e ação (dureza) das varas.
Também há a combinação de moscas lastreadas ou sem
lastro, tipos de linha (floating, intermediate, sinking tip e full sinking) e
líderes (comprimento e afunilamento).
Cada combinação escolhida trará comportamentos
diferentes aos conjuntos, potencializando-os, atenuando-os ou até anulando-os.
Só para exemplificar: se usamos uma linha floating, num local fundo, com líder
curto, mesmo com mosca bem lastreada, esta não chegará ao fundo. Já numa água
mais rasa a isca tocará no fundo, mas com o recolhimento e toques de ponta de
vara a isca subirá a cada movimento, num desenho tipo gráfico e não virá
trabalhando sempre no fundo.
Outro uso de lastro é diretamente no líder, com chumbo
esfera fendido. Neste caso a mosca sem lastro tenderá a se mover acima do
chumbo, que arrasta no fundo. São os ditos rigs tão conhecidos na pesca com soft
baits.
Enfim, há tantas configurações e combinações quanto há
circunstâncias específicas de uso. Pode o pescador menos experiente achar que
tão pequenos detalhes não são importantes, mas o pescador experiente sabe que
um mínimo detalhe faz com que a truta rejeite o engodo. Tudo é circunstancial.
Alguns cuidados devem sempre ser observados. Um cone
head grande, impulsionado pela ação da vara, torna-se um projétil. Caso haja um
choque contra a haste da vara causará um dano sério, se não de imediato, a vir
com o tempo. Sim, uma provável fratura e a conseqüente quebra da vara, num novo
esforço. E é lógico, o risco contra a integridade física do pescador. O uso de
óculos, lenço e cobertura não é nenhum exagero.
Também devemos considerar o arrasto na água quando no
momento do pick up. Faça-o com moderação, maior ainda se com o uso de uma linha
sinking tip ou full sinking, que por si só já ensejam cuidados.
Façam suas escolhas dependendo da profundidade, altura
de ação dos peixes na coluna de água, comprimento e afunilamento de líder, tipo
de linha e tipo de lastro em suas moscas. Sempre com critério e bom senso. O
tempo e a experiência vão lhe mostrar quais os mais adequados para cada lugar e
circunstância.
Saudações mosqueiras e linhas sempre tensas!